A fase atual de quarentena (abrindo o 3º mês) é marcada por inúmeras sensações e pensamentos os quais se misturam e não se homogeneízam. Compõem e se decompõem. Cansaço, desânimo intenso, necessidade absoluta de reformulação (da rotina laboral, de decisões sobre coisas planejadas no início da quarentena, de práticas de pensamento e rotina inicialmente adotadas no isolamento e que de fato não vingaram), corpo com sinais de subutilização o qual é reflexo do pouco alongamento, do movimentar por movimentar. Tudo que é muito rígido, quebra fácil, a solidez da sua rotina foi alterada de forma abrupta e como resultado de tanta energia na mudança surge disfunções, pensamentos negativistas, descrédito generalizado em informações, nostalgia, pensamentos vagos, dificuldade em continuar tarefas por não ver sentido nelas ou não se ver inserido nelas, apetite alterado, déficit de atenção e de manutenção do foco, anedonia -capacidade de sentir prazer reduzida.
Isso tudo é o efeito do confinamento, do isolamento social, do estresse causado pela falta de perspectiva. Por que apontamos isso? Para que todos percebam que NÃO é um fato isolado, somente de uma pessoa, pelo contrário, muitos estão se sentindo e se percebendo assim. Frente a esses comportamentos e diante dos fatos, é necessário seguir firme, para evitar adoecer emocionalmente e fisicamente, o nosso corpo e a nossa mente reagem a despeito da forma como gostaríamos que reagissem. A excelência é amiga do hábito.
Muitos estão sofrendo e isso não diz respeito a sua capacidade de enfrentamento, não diz que você é fraco, incompetente ou desorganizado, isso tudo diz apenas que você é um humano, como diria Nietzsche: ” Humano, demasiado, humano”, o mundo está passando pela situação mais adversa dos tempos atuais e nesse meio caótico que nós precisamos de humanidade, seja para poder apoiar uns aos outros, seja para poder ter empatia por quem luta a boa luta.
RESPIRE, o vírus nos faz lembrar todos os dias o quão isso é valioso, RESPIRE FUNDO e não se permita comportamentos que lhe cause dor. O comportamento muda, a partir da nossa capacidade adaptativa, você deve ir se adaptando a todas essas nuances, só que dessa vez sem tanta abruptidão. É melhor um pouco que dure muito do que o contrário.
Então, diante disso tudo eu pergunto: está tudo bem?
Provavelmente não, agora não está tudo bem. E tudo bem não estar sempre tudo bem. O isolamento social tem fases, a que estamos passando é bastante densa, mas sugiro que você segure no que possui de mais valioso: a sua VIDA. É momento de buscar nutrir-se de valores gentis e amorosos, pois a partir disso não somente você mudará para melhor, mas o mundo inteiro também.
Por vezes na vida é necessário atravessarmos fases difíceis, são necessários dias de tempestade para que depois hajam dias de sol. Quando tudo isso acabar, vamos SIM sair mais fortalecidos e conseguiremos viver intensamente cada dia mais ensolarados.
Por: Nilma Chaves