O mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) tem levado empresas a repensar suas formas de gerenciar a mudança organizacional. É muito comum observarmos grande resistência nesse processo, mas convenhamos, as mudanças geralmente são dolorosas e provocam sentimentos mais ou menos fortes pela maneira em que são conduzidas, ou seja, pelo despreparo das lideranças.
Liderar pressupõe desenvolver, reconhecer, orientar, conhecer cada membro da equipe, suas forças e fraquezas. Um líder que conhece seu time sabe o funcionamento de cada membro, suas limitações, pontos fortes e, com isso, é possível, por exemplo, gerenciar os trabalhos de modo a possibilitar o desenvolvimento das atividades a partir dos repertórios de competências existentes e, ainda, minimizando os gaps com ações de treinamento e desenvolvimento como coaching, mentoring e outros.
Conhecer o seu time, requer o acompanhamento da performance de cada pessoa e faz com que o líder consiga ser mais assertivo no momento da avaliação de desempenho, pela participação ativa na observação das evidências de comportamento emitidas durante a execução dos trabalhos.
Para conhecer o seu time, o líder necessita primeiro conhecer a si mesmo, ter clareza em seus comportamentos, compreender suas questões internas e como responde aos estímulos externos. Ter autoconhecimento é um dever contínuo e primordial para todo líder.
A eficiência da liderança requer autoconhecimento e o conhecimento de todos os membros de sua equipe. Esses dois pilares precisam ser trabalhados continuamente. Com o autoconhecimento, o gestor descobrirá, dentre outros aspectos, o seu estilo de liderança.
Existem quatro vertentes ou estilos de liderança principais, que são: dominância, informalidade, condescendência e formalidade.
O estilo de liderança dominância expressa maior dinamismo na condução do trabalho, o líder, geralmente, é exigente, decide de forma rápida e geralmente suas decisões refletem uma maior autoridade, é um comandante, tem pulso firme, assume riscos, gosta de inovar, lida bem com situações de alta pressão.
O estilo de liderança dominância em excesso pode apresentar comportamento extremamente autoritário, violento, agressivo ou de intimidação para alcançar seus objetivos.
O estilo de liderança da informalidade expressa geralmente comportamentos de popularidade, carisma, flexibilidade, costuma liderar de forma mais leve, positiva e descontraída, utiliza do diálogo para aproximar o time, é altamente extrovertido, otimista e influenciador.
O estilo de liderança da informalidade em excesso pode apresentar dificuldade em ater-se aos detalhes dos processos, na análise de relatórios e documentos, a cumprir regras e tende a decidir no improviso.
O estilo de liderança condescendente é introspectivo e cumpridor de metas, bom ouvinte, aberto às proposições do time e geralmente decide de forma compartilhada. É rotineiro, colaborativo, conciliador, harmônico e valoriza o trabalho em equipe.
O estilo de liderança condescendente em excesso pode aparentar líderes inseguros e indecisos. Pelo excesso de atenção aos detalhes e pela reserva nos relacionamentos, pode gerar desmotivação no grupo. Geralmente são rígidos e muito exigentes e tendem a focar muito nas falhas e deixar de valorizar os acertos.
O estilo de liderança formal geralmente expressa comportamento voltado ao controle, racionalidade, cautela, disciplina e lógica. São líderes com alta capacidade analítica, que priorizam as tarefas, a entrega e a produtividade.
O estilo de liderança formal em excesso tende a ser sério, retraído, calado e isso pode interferir na condução do time. Pode exagerar na cautela, controle e ter dificuldade para tomar decisões rápidas.
Algumas ferramentas de perfil comportamental como MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) e DISC (dominância, influência, estabilidade e conformidade), auxiliam líderes a desenvolver autoconhecimento, inclusive explicitando o seu estilo de liderança, e a conhecer melhor os membros da equipe, além de possibilitar a identificação de tendências de comportamentos, facilitar o trabalho em equipe e minimizar os conflitos, melhorar o relacionamento com a equipe, conhecendo as necessidades de comunicação de todos, oferecendo subsídios para lidar efetivamente em situações de estresse, possibilitando a percepção do modo como as pessoas reagem a exigência do meio.
Essas ferramentas devem ser utilizadas para subsídio dos líderes, mas jamais substituir sua efetiva presença junto aos liderados, com o acompanhamento das tarefas, orientação direcionada e individualizada, promoção do desenvolvimento contínuo, reconhecimento, elogios, observação, momentos de descontração, reuniões em grupo e individuais.
A liderança é essa posição estratégica que por meio do exemplo e da influência promove um ambiente saudável, estimula o engajamento, a entrega, o trabalho em equipe, a inclusão, para convergir os interesses dos times e da empresa, objetivando atender aos anseios mercadológicos.
Fonte:
NAHMIAS, Pablo da Silva. Liderança: a soft skill para a alta performance. In: SOUZA, Patric. O poder e a arte de se relacionar: criando vínculos fortes. Rio de Janeiro: Editora Conquista, 2019, p. 42-46.
SOLIDES. Estilos de liderança descubra qual é o seu. Solides Tecnologia, 2020. Disponível em: <https://blog.solides.com.br/estilos-de-lideranca-descubra-qual-e-o-seu/>. Acesso em 17 fev. 2020.
FELLIPELLI. Myers-Briggs Type Indicator. Fellipelli, 2020. Disponível em: <https://www.fellipelli.com.br/mbti-myers-briggs-indicator/>. Acesso em 18 fev. 2020.
Por Pablo Nahmias
Diretor da ABRH-PA, Coordenador de RH do Banco da Amazônia, Professor, Head da Aprendizagem Criativa.