Frequentemente nos deparamos com situações que nos levam a colocar-nos no lugar do outro, a olhar por outras perspectivas. Em outras palavras, agir com empatia significa considerar a pessoa em si, suas crenças, valores, necessidades e desejos. O exercício da empatia pode ser uma ferramenta muito útil para lidar com nós mesmos e com os outros.
Promover uma postura que vá além da nossa própria visão facilita o estabelecimento de relações humanas de ganho mútuo. No entanto, para fazermos isso, é preciso compreender e questionar nossos próprios julgamentos de valor em contraste com a realidade. Ao ter essa compreensão, podemos nos tornar pessoas melhores e transformar os outros também.
Existem dois termos relevantes quando queremos refletir sobre nossa empatia: o juízo de valor e o juízo real. O juízo de valor reflete o que acreditamos ser o melhor para nós, baseado em nossos valores e crenças. Por outro lado, o juízo real considera os fatos reais que compõem um objeto, pessoa ou contexto. Por exemplo, quando você vê uma casa que chama sua atenção, pelo juízo real, é apenas uma casa com uma arquitetura específica. Já pelo juízo de valor, pode ser a casa dos seus sonhos quando você a descreve para alguém.
Outro exemplo é quando você recebe uma mensagem em CAIXA ALTA e a interpreta como um gesto ofensivo, grosseiro ou rude, quando na verdade o teclado do remetente estava com defeito e essa foi a única opção de envio da mensagem. Isso reflete nossa tendência de interpretar primeiro, tirar conclusões, ao invés de observarmos, avaliarmos e, por fim, interpretarmos.
Em seu livro mais famoso, Comunicação Não-Violenta, Marshall B. Rosenberg, descreve o termo “julgamentos moralizadores”, que em resumo é subentender uma natureza maligna ou errônea em pessoas que não agem de acordo com os nossos valores (juízo de valor). Ao olhar por esse aspecto nos limitamos apenas em classificar ou determinar os erros, ao invés de nos concentrarmos nas possibilidades positivas. Entres inúmeros exemplos que podemos citar, alguns muito comuns em nossas vidas ou que nos deparamos ao olhar a relação de outras pessoas, são:
- A pessoa me exige mais afeto do que estou lhe dando >>>> Ela é carente ou dependente.
- Eu quero mais atenção do que ela me dá >>>> Ela é insensível e antipática.
- Ele sempre revisa os detalhes >>>> Ele é muito chato ou “cricri”.
- Ele nunca lê as minhas mensagens assim que envio >>>> Ele não me dá atenção.
E os exemplos são infindáveis […]
É da nossa natureza, interpretar, porém, a forma que conduzimos a nossa interpretação pode ocasionar agressões emocionais a outras pessoas e a nós. Exercitar a empatia, parte do salto de refletir sobre os juízos de valor que tomamos com verdades absolutas, que por vezes, são falsas verdades.
A empatia é uma ferramenta de responsabilidade para evolução das relações humanas. Se você espera compaixão de alguém, o primeiro passo é compreender o outro lado.
Para concluir deixo abaixo um trecho de uma das obras de Shakespeare para nossa reflexão.
[…] Quem sofre sozinho, sofre muito mais em sua mente (espírito). Deixa para trás a liberdade e a alegria. Mas a mente (espírito) com muito sofrimento pode superar-se, Quando a dor tem amigos e suportam a sua companhia, quão leve e suportável a minha dor parece agora […]
A História do Rei Lear ( cena 13), William Shakespeare.
Elaborado por Andrew Brito | andrew.brito@terras.agr.br | @andrews.brito | Terras App Solutions
